Darling (2015)




Eu gosto muito das escolhas estéticas feitas pelo diretor Mickey Keating em suas películas. Meu primeiro contato com o seu trabalho aconteceu através do filme Carnage Park (2016). O longa é uma experiência visual arrebatadora.
É um longa-metragem que possui uma cinematografia bem peculiar, tem toda uma atmosfera vintage, combinada com várias influências do cineasta. Darling (2015), seu filme anterior, o qual tive a oportunidade de ver recentemente, caminha na mesma direção. 

Carnage Park (2016)


A película acompanha Darling (Lauren Ashley Carter), uma jovem que trabalha como zeladora de uma casa em Nova York. O imóvel, por si só, esconde alguns segredos sinistros. A sua rotina nesse ambiente é tediosa, e ela transita constantemente pelos limites da solidão, seus traumas pessoais, e momentos de loucura.














A película não apresenta muita coisa nova no tocante do roteiro, pois já vimos tantas vezes na história do horror essas narrativas de mulheres que talvez estejam perdendo a lucidez. Tanto que quando esse tema reaparece, quando é novamente abordado, ele sempre está recheado de clichês. Aqui não é diferente! Inclusive, o diretor falha bastante em construir uma ambientação para o desenvolvimento desse momento de possível insanidade da personagem. Ele também explora superficialmente as motivações que a levaram até esse ponto. E isso fica muito evidente, pois o filme é muito inspirado em O Bebê de Rosemary (1968), que é uma obra-prima do horror psicológico. E ele tenta tanto emular a mesma atmosfera que acaba perdendo a oportunidade de fazer algo próprio, mais original. O cineasta chegou até usar os mesmos créditos do longa de Roman Polanski. Mas essa não foi a única inspiração da obra do cineasta francês presente em Darling. É notório que o Mickey Keating também foi bastante influenciado pelo longa Repulsa ao Sexo (1965) ao escrever o roteiro.
























O grande mérito de Darling, sem dúvidas, reside nesse campo da homenagem ao cinema de horror dos anos 60, 70, e começo dos anos 80. É visível que o diretor se inspirou em vários diretores e filmes, como Psicose (1960), O Iluminado (1980), e até mesmo longa-metragens mais clássicos da história do cinema, como Bonequinha de Luxo (1961). Keating trabalha muito bem com essas influências, criando uma experiência estética muito intensa.








Mickey Keating consegue extrair beleza da brutalidade, da carnificina, da loucura. Eu acho que você precisa ser um artista muito bom para fazer isso, mesmo que você esteja trabalhando com um grande leque de inspirações. E ele conseguiu fazer que Darling seja o típico filme de horror onde a experiência visual sobressai a necessidade de que o longa tenha um roteiro tão milimetricamente perfeito ou que faça tanto sentido. É um longa-metragem similar ao O Farol (2019). Foi feito muito mais para a contemplação do que para o entretenimento. 




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