Thousand Years Fox (1969) – Dir: Shin Sang-ok

 






Dirigido por Shin Sang-ok, um dos diretores mais famosos da Coreia do Sul, Thousand Years Fox (1969) explora a tradicional mitologia do gumiho (a raposa de nove caudas) de forma extremamente original. O diretor propõe uma mistura muito eficiente de drama histórico (wangjo sageuk) com elementos familiares do cinema de horror para contar uma história brutal. Kim Won-rang (Shin Young-kyun) é um general do reino. No passado, teve um relacionamento amoroso com a rainha Jin-Seong (Kim Hye-jeong). Depois de voltar de um longo período de batalha, tudo que ele mais almeja é voltar para casa para encontrar a esposa Yeo-hwa (Kim Ji-su), e seu filho que acabara de nascer. Porém, a majestade faz de tudo para seduzi-lo. Enquanto está preso dentro do castelo, a monarca cria uma trama diabólica para se livrar da esposa de Won-rang. Ela é mandada embora do reino e recebe uma punição muito severa. Ela terá que ficar a uma distância de 1.200 quilômetros do castelo. Ao sair das redondezas do palácio, Yeo-hwa é atacada por criminosos. Seu bebê é assassinado e ela se atira em um lago tentando fugir. Seguida pelos malfeitores, algo sobrenatural acontece. Uma espécie de tromba d’água aparece do nada, espantando os homens. Dada como morta, Yeo-hwa é encontrada com vida dentro da lagoa. Como muitas mulheres foram mortas na região, os populares começam a estipular que a jovem fora possuída por um espírito de uma gumiho que habitava o local e que fora morta por membros do reino. E de fato isso acontece. Recuperada, Yeo-hwa se vinga dos assassinos de seu filho com a ajuda da raposa de nove caudas, mas a entidade quer algo em troca: ela precisa de um corpo para conseguir promover sua vingança contra a monarca. 



O longa reúne tudo que é consagrado no subgênero wangjo sageuk: a cenografia típica de castelo, os figurinos exuberantes e a veia melodramática clássica. Só que ele vai ganhando aos poucos algumas pitadas de violência, como a morte do pequeno bebê, que apesar de ser off screen, imprime para a narrativa um tom brutal. Em dado momento, o filme se assume totalmente como um longa fantasmagórico. Apesar do foco da película ser a história da gumiho, Yeo-hwa personifica também a figura da wonhon, o fantasma vingativo feminino que busca vingança. A raposa de nove caudas usa esse anseio da personagem para ludibria-la e apossar-se de seu corpo.

Eu gostaria de destacar a construção do fantasma. Talvez o espectador contemporâneo não fique muito impressionado com os aspectos técnicos da produção, visto que é evidente que Thousand Years Fox seja uma película com limitações financeiras. Mas o diretor Sang-ok compensa essas deficiências com uma ótima direção de atores. Ele investe muita energia na construção dessa criatura sobrenatural. Tanto que a personagem passa por uma transformação bem crível nos momentos em que seu corpo é apossado pelo espírito da raposa. É bem impressionante como a atriz Kim Ji-su está entregue e consegue transicionar com tanta facilidade entre o melodrama extremo e o mais puro terror.

 

 











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