Caso Juliana Marins: Algumas considerações sobre os vulcões da Indonésia

 




Desde a infância, sempre tive hiperfocos intensos, e um deles foi a vulcanologia. Por muito tempo, eu quis ser vulcanóloga. O sonho foi abandonado por causa da minha falta de aptidão nas matérias que envolvem cálculos. Mas a minha admiração por essas montanhas persiste até hoje e, justamente por entender os riscos envolvidos, venho falando sobre os perigos da exploração turística de vulcões no Círculo do Fogo há muitos anos nas minhas redes sociais. Essa área, que circunda o Oceano Pacífico, concentra alguns dos vulcões mais ativos e explosivos do planeta. São montanhas imprevísiveis.

O trágico caso da publicitária Juliana Marins, que perdeu a vida durante uma trilha no vulcão Rinjani, é apenas a ponta do iceberg de um problema gigantesco. Por causa disso, resolvi escrever sobre essa tragédia movida por dois motivos que considero urgentes:

1) Explicar por que vulcões dessa região não deveriam ser explorados comercialmente. Vulcões do Círculo de Fogo, como o Rinjani, são conhecidos por sua instabilidade geológica. Erupções explosivas, emissões repentinas de gases tóxicos (como SO₂ e CO₂), deslizamentos de terra e fluxos piroclásticos são riscos constantes. Muitos desses vulcões não possuem monitoramento adequado ou planos de evacuação eficientes. O Rinjani, por exemplo, já registrou erupções sem aviso prévio, como em 2016. A infraestrutura turística é frequentemente precária, com trilhas mal sinalizadas e guias não capacitados para emergências vulcânicas, nem para acidentes;

2) Deixar claro que a culpa não é das vítimas. Vi muitas pessoas tentando culpar Juliana ou outros turistas por "assumirem riscos". Isso é injusto. A maioria dos viajantes confia nas autoridades locais e nas empresas que vendem esses passeios como "seguros". O verdadeiro problema está na falta de regulamentação rígida por parte dos governos. A Indonésia, o Chile, o Japão e outros países do Círculo de Fogo lucram com o turismo vulcânico, mas frequentemente negligenciam medidas de segurança básicas.

Por que o Círculo de Fogo é tão perigoso?


O Círculo do Fogo consiste em uma área de aproximadamente 40.000 quilômetros e fica localizada em torno do Oceano Pacífico. É uma região de grande atividade sísmica e vulcânica por causa do movimento das placas tectônicas. O círculo abrange toda a costa do continente americano, Nova Zelândia, Filipinas, Japão, Rússia, e outras ilhas do Pacífico. Cerca de 75% dos vulcões ativos do planeta se encontram nessa região. Ao todo, o Círculo do Fogo possui atualmente 450 vulcões ativos. A Indonésia, por si só, é o país com a maior quantidade de vulcões do planeta. Estima-se que cerca de 127 montanhas estejam ativas em território indonésio. Ao todo, a nação possui cerca de 400 vulcões conhecidos. O tipo de erupção dessas montanhas indonésias variam bastante, mas três delas protagonizaram grandes cataclismas vulcânicos. Estou falando do Tambora, Krakatoa e Samalas. O último deu origem ao vulcão Rinjani, o qul ficou conhecido no Brasil pela fatalidade ocorrida com a turista brasileira Juliana Marins.

Tambora



Em 1815, o Monte Tambora, localizado na ilha de Sumbawa, se transformou em uma filial do inferno. Sua erupção é considerada a maior do mundo moderno. A violência foi tão grande que o vulcão, que tinha 4.200 metros de altura, perdeu 1.450 metros de altitude. A explosão foi equivalente a 10.000 megatons de TNT. Uma coluna de cinzas, com 50 quilômetros de altura, foi lançada na atmosfera, causando modificações no clima do planeta. Ao todo, o vulcão expeliu 160 km³ de material vulcânico. Por causa disso, em 1816 não houve verão, devido ao esfriamento do planeta causado pela erupção.


Nessa ocasião, o Tambora causou a morte de 10.000 pessoas diretamente, pois as redondezas da montanha foram completamente devastadas pela explosão. A erupção também causou tsunamis e desabamentos. Indiretamente, por causa das consequências do evento eruptivo no meio ambiente, mais de 60 mil pessoas padeceram devido à fome e às doenças causadas pela contaminação de fontes de água. Há quem diga que esse número pode ser maior, chegando, ao todo, a 121.000 mortos.

O Tambora voltou a entrar em erupção em 1967, de forma branda. Ainda que esteja, desde então, relativamente adormecido, a montanha continua representando riscos significativos tanto para as populações que vivem ao seu redor quanto para os visitantes que se aventuram por suas trilhas. Trata-se de um vulcão do tipo pliniano, o mais violento na escala eruptiva, com potencial para liberar fluxos piroclásticos devastadores.

Esse único dado já deveria ser suficiente para desaconselhar sua exploração turística. No entanto, as autoridades indonésias consideram a visitação segura, amparadas pela atual calmaria do vulcão. O problema é que a maioria das trilhas que conduzem até a cratera do Tambora demandam entre dois a três dias para serem completadas. Em caso de uma erupção súbita com fluxo piroclástico, dificilmente haveria tempo hábil para que os turistas possam escapar da morte.

A trilha, além de longa, é íngreme, vulnerável à ação de ventos fortes e não conta com estrutura adequada de resgate em caso de emergência. Soma-se a isso o fato de que parte do deslocamento pela montanha ocorre durante a noite, o que exige atenção redobrada e muita orientação. Aventurar-se por um vulcão de grande altitude, com caminhos arenosos e cheios de pedregulhos soltos, ainda mais com uma visibilidade reduzida, é uma combinação potencialmente fatal. E essa possibilidade, por si só, deveria inspirar mais cautela. Se uma pessoa pode morrer nessas circunstâncias, isso é motivo suficiente para que trilhas nesse local não aconteçam. 


Krakatoa



Krakatoa é uma ilha situada no Estreito de Sunda, entre as ilhas de Java e Sumatra. Ao longo dos séculos, diversas erupções de um vulcão submarino formaram uma ilha no meio do oceano, com aproximadamente 10 quilômetros de extensão. Sobre ela, erguiam-se três cones vulcânicos: Perboewatan (1.005 m), Rakata (813 m) e Danan (450 m). Entre 1680 e 1681, o Perboewatan permaneceu ativo. Em 1880, geólogos perceberam que a montanha teve uma certa atividade posterior  por meio da análise do solo. Mas, como nenhuma intercorrência preocupante ocorreu durante muitos anos, a montanha foi considerada extinta. Os cientistas, no entanto, estavam redondamente enganados.

Em maio de 1883, uma série de terremotos foi sentida na região. Eram tão intensos que chegaram à então capital das Índias Orientais Holandesas, Batavia (atual Jacarta), localizada a 150 quilômetros de distância. Em agosto de 1883, o vulcão Perboewatan teve uma primeira explosão que lançou cinzas a grande altitude. No dia 26 de agosto, o monte Perboewatan entrou novamente em erupção, agora acompanhado pelos picos Rakata e Danan. No dia seguinte, 27 de agosto, ocorreram quatro explosões gigantescas. As primeiras foram tão altas que puderam ser ouvidas no deserto australiano. Mas o pior ainda estava por vir.

A terceira explosão foi descrita como “o dedo de Deus na Terra” e chegou a ser ouvida até mesmo nas Ilhas Maurício, país localizado na África, do outro lado do Oceano Índico. É considerado até hoje o som mais alto já registrado no planeta Terra. Muitos marinheiros que navegavam pela região tiveram os tímpanos dos ouvidos rompidos instantaneamente. Estima-se que a potência da explosão tenha sido de 200 megatoneladas de TNT. Segundo um documentário do History Channel, isso equivaleria a treze mil vezes a potência das bombas nucleares lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki.

Foi um caos total. As três montanhas lançaram pedras a uma altura de 27 quilômetros. A sequência de erupções liberou entre 20 e 30 km³ de material vulcânico na atmosfera, alterando a temperatura do planeta por alguns anos. Cinzas vulcânicas cobriram extensas áreas e eram capazes de causar sufocamento. Após a quarta explosão, a ilha de Krakatoa foi completamente destruída e submergiu no oceano. O contato da lava com a água fria do oceano provocou uma série de tsunamis que devastaram as costas das ilhas de Java e Sumatra. Cerca de 40 mil pessoas morreram nesse episódio.

O céu mudou tão drasticamente devido à quantidade de cinza na atmosfera que pores do sol exuberantes foram registrados em várias partes do mundo. Diz-se que esses céus inspiraram um dos quadros mais famosos da história da arte: O Grito, do pintor norueguês Edvard Munch. O clima do planeta só voltou ao normal em 1888, cinco anos após a explosão devastadora que destruiu a ilha de Krakatoa.




A calmaria na região durou por algum tempo, até que, em 1927, novas explosões começaram a ocorrer no mesmo local da antiga ilha. O vulcão submarino que havia dado origem aos três picos originais continuava ativo. As erupções subsequentes formaram uma nova montanha, batizada pelos cientistas de Anak Krakatau, que, em bahasa indonésio, significa “A Filha de Krakatoa”.

Segundo especialistas, Anak Krakatau pode ser ainda mais poderosa que os antigos vulcões, pois as três caldeiras das montanhas destruídas se fundiram em uma só. Ela tem cerca de 50 quilômetros de extensão subterrânea. Assim como suas antecessoras, Anak Krakatau possui uma característica especialmente perigosa: sua lava é espessa e forma uma espécie de "tampa" sobre a cratera, conhecida como domo de lava. Essa estrutura, em forma de cúpula, surge quando a lava viscosa extravasa lentamente e não consegue escoar com facilidade. Ao se resfriar, o domo sela a caldeira, impedindo a liberação dos gases internos. Com o acúmulo de pressão, uma explosão extremamente violenta pode ocorrer.

Ao longo dos anos, Anak Krakatau mostrou-se extremamente ativa e cresceu bastante com as sucessivas erupções. É imprevisível e letal. A montanha chegou a atingir 400 metros de altura, mas uma de suas erupções, em 2018, destruiu parte significativa da estrutura, provocando um tsunami que causou a morte de aproximadamente 400 pessoas no Estreito de Sunda.

Apesar de sua agressividade, a Indonésia ainda explora turisticamente a região. Em 1993, um turista estadunidense morreu ao ser atingido por detritos lançados por uma erupção enquanto navegava nas proximidades do vulcão, junto a um grupo de visitantes. Outras cinco pessoas ficaram feridas na ocasião. E o mais impressionante é que, mesmo com tamanha instabilidade, turistas podiam fazer trilhas até o cume da montanha até o ano de 2018. Essa atividade só foi proibida após a erupção que causou um tsunami. Ou seja, tudo é explorado até o limite. Até que uma grande tragédia aconteça. Hoje em dia, excursões marítimas continuam ocorrendo na região, embora o risco de novas erupções súbitas permaneça elevado. Como a montanha segue em crescimento, especialistas temem que o flanco de Anak Krakatau colapse novamente no mar, provocando outro tsunami de grandes proporções.


Monte Samalas (Rinjani)


O Monte Samalas é um vulcão que ficava localizado na ilha de Lombok. Estima-se que ele alcançava quase 5.000 metros de altitude. No ano de 1257, ocorreu uma explosão violentíssima, que destruiu uma parte significativa da montanha. Assim como o Tambora e o Krakatoa, a erupção do Samalas foi tão destrutiva que impactou o clima global. O colapso formou a caldeira Segara Anak, onde hoje existe um lago de água azul, e deu origem ao sistema atual do vulcão Rinjani, composto por dois cones vulcânicos: Rombongan e Barujari. Enquanto o Rombongan permanece adormecido, o Barujari é atualmente a parte mais ativa do complexo, tendo registrado sua última erupção em 2016. 

O Rinjani ganhou atenção recentemente por conta do trágico episódio envolvendo a publicitária brasileira Juliana Marins, mas ela não foi a única vítima da montanha. Entre os anos de 2020 e 2024, foram registrados mais de 180 acidentes, incluindo óbitos. As trilhas são perigosas, íngremes, longas e muitas vezes percorridas durante a madrugada. Esses riscos, no entanto, nem sempre são devidamente esclarecidos aos visitantes. Muitas agências vendem pacotes de forma informal, nas ruas do vilarejo, sem oferecer estrutura ou orientação adequada. Assim, muitos viajantes acreditam estar diante de uma trilha acessível, mas acabam surpreendidos por um percurso extremamente extenuante.

A caminhada é muito difícil. Após cerca de oito horas de subida em terreno acidentado, os trilheiros ainda enfrentam trechos com solo fofo, pedras soltas e difícil locomoção. A temperatura também muda bruscamente conforme se avança em direção ao cume, e o ambiente, por causa da altitude, é constantemente envolto por névoa, chuva e ventos fortes. Trata-se de um ecossistema desafiador até mesmo para montanhistas experientes.

A brusca mudança de altitude também pode provocar alterações corporais conhecidas como “mal da montanha”. Os principais sintomas são dor de cabeça, náusea, vômito, fadiga, perda de apetite e dificuldade para dormir. Em casos mais graves, pode ocorrer falta de ar, confusão mental e até edema pulmonar ou cerebral. Alguns especialistas acreditam que esse quadro pode ter contribuído para a queda de Juliana Marins. Ela caiu durante a madrugada, enquanto atravessava um trecho extremamente acidentado da trilha. Possivelmente desorientada pela escuridão, pelo cansaço físico e pela alta miopia, acabou despencando de uma altura de 300 metros.

A região também é vulnerável a eventos sísmicos. Em 2018, um terremoto de magnitude 6,4 atingiu a ilha, fazendo desaparecer partes da trilha e deixando mais de 300 pessoas feridas e isoladas no topo do Rinjani. Cerca de 689 turistas estavam na montanha naquele momento; duas pessoas morreram. Em 1994, 30 moradores faleceram enquanto buscavam água nas cercanias do vulcão. Eles foram atingidos por um lahar, fluxo de lama gerado por atividade vulcânica do cone Barujari.

Outros episódios trágicos incluem a morte de estudantes indonésios em 2007 por hipotermia, após escalarem a montanha quando o parque estava fechado. Em 2016, um turista faleceu em decorrência de um ataque de asma causado pelo esforço físico. No mesmo ano, duas turistas também morreram: uma indonésia, afogada no lago da cratera; e uma malaia, que caiu após ignorar uma placa de alerta. Em 2024, quatro pessoas morreram ao cair em penhascos. Em 2025, além de Juliana, um montanhista da Malásia também perdeu a vida em circunstâncias semelhantes.

Juliana chegou a ser encontrada com vida após a queda, mas o resgate foi comprometido pela falta de estrutura no parque. A equipe local não dispunha de cordas longas o suficiente para alcançá-la. A filial da Defesa Civil mais próxima está a duas horas do parque, e só foi acionada quando o socorro local já havia se mostrado ineficiente. Informações mais recentes indicam que Juliana sobreviveu até o dia seguinte. Em um ato desesperado, ela teria tirado os tênis para tentar escalar de volta, mas acabou escorregando mais duas vezes. A última queda foi fatal. Ela poderia ter sobrevivido caso o resgate chegasse naquele mesmo dia.

Desde 2020, dez mortes foram registradas no Rinjani, mas esse número pode estar subnotificado, pois muitos incidentes ocorrem em trilhas não monitoradas, sem presença de guias e sem documentação oficial. Muitas pessoas acabam se arriscando sozinhas na montanha. Os relatórios oficiais incluem apenas os casos registrados no sistema do parque.

Todos esses fatores reforçam que Juliana não pode ser responsabilizada por sua própria morte. Acidentes são frequentes na região, especialmente por conta da falta de estrutura adequada. Embora o número de mortes possa parecer pequeno diante da quantidade de turistas que já completaram a trilha, o risco é real e elevado. Trata-se de um percurso perigoso, que não deveria sequer ser explorado nas condições atuais, seja pela instabilidade do terreno, seja pelo fato de se tratar de uma área vulcânica sujeita a erupções plinianas. É uma verdadeira loteria. Não se pode prever quando o vulcão entrará em erupção, qual será a direção de um fluxo piroclástico ou quem escorregará no solo pedregoso e instável.

O pai de Juliana sugeriu a instalação de guarda-corpos nos trechos mais perigosos, mas isso seria ineficaz diante de um novo terremoto de grandes proporções. O próprio governo indonésio já havia demonstrado anteriormente preocupação com os incidentes na montanha, reconhecendo a necessidade de rever os protocolos de segurança e resgate. É o que a família de Juliana também espera: que sua morte sirva, ao menos, para evitar novas tragédias causadas pela negligência de muitas operadoras que ainda exploram a região de forma precária. A empresa responsável pela excursão de Juliana, inclusive, foi banida do parque, mas continuava operando normalmente. E isso só ocorre pela falta de fiscalização. Segundo relatos locais, Juliana teria sido deixada para trás pelo guia em plena escuridão. Se isso se confirmar, trata-se de uma grave negligência, já que a jovem se encontrava em situação vulnerável. Esse aspecto precisa ser investigado com profundidade pela família .Além, é claro, do fato de que ela não pôde ser resgatada por causa da falta de estrutura do parque.  Se uma empresa oferece um passeio com esse tipo de risco, eles são responsáveis por tudo aquilo que acontece na montanha. E eles devem ter aptidão para possíveis resgates. Mas não é o que acontece.

Outros vulcões explorados pela Indonésia

Merapi



Dentro desse tema, o que mais me assusta na Indonésia é a exploração turística do Monte Merapi. Particularmente, ele é um dos meus vulcões favoritos. Gosto tanto que até virou tema de uma playlist no meu Spotify. Mas por que ele é tão interessante?

O vulcão Merapi é uma das montanhas mais ativas e imprevisíveis do planeta, com erupções frequentes que podem ocorrer sem nenhum aviso, liberando fluxos piroclásticos mortais, gases tóxicos e lava. O terreno é instável, escorregadio e cheio de riscos naturais, como deslizamentos e emissão de gases sulfurosos. Além disso, a região é propensa a lahars, as correntes de lama vulcânica que se formam com a chuva ou com o derretimento do gelo eterno no cume, como ocorreu em 1985 na Colômbia, quando essas avalanches partiram do cume do vulcão Nevado del Ruiz e sepultaram a cidade de Armero. 

Por causa da violência de suas erupções, o centro de observação do Merapi possui um bunker reforçado para abrigar os vulcanólogos em caso de fluxo piroclástico ou avalanches de lama. Essa medida não é exagerada: em 2010, uma erupção do Merapi vitimou 353 pessoas. Os fluxos piroclásticos são uma das formas mais letais de atividade vulcânica, combinando gases tóxicos, cinzas e fragmentos de rocha incandescentes que descem as encostas a velocidades de até 700 km/h, com temperaturas que podem ultrapassar 1.000 °C. Essa mistura destrói, incinera e enterra tudo o que encontra pelo caminho em segundos, causando morte instantânea por queimaduras e asfixia. Mesmo assim, muitos se arriscam a subir a montanha ilegalmente. 

Só para dar um contexto histórico de como esse vulcão é mortífero:

  • 1930: uma erupção matou 1.300 pessoas e varreu vilarejos inteiros.

  • 1994: um fluxo piroclástico inesperado matou 60 pessoas, incluindo turistas.

  • 2006: três pessoas morreram devido à inalação de fumaça tóxica.

  • 2009: um grupo de estudantes subiu a montanha e sofreu ferimentos após uma erupção.

  • 2010: a montanha entrou em erupção e causou a evacuação imediata de 350.000 pessoas. Houve 353 mortes confirmadas.

  • 2015: um jovem morreu ao cair na cratera tentando tirar uma selfie.

  • 2018: turistas fizeram uma caminhada ilegal e sofreram queimaduras graves por causa de uma nuvem de fumaça tóxica.

  • 2022: um indonésio subiu a montanha sem guia durante a noite e morreu ao cair de grande altitude.

Mesmo com essas fatalidades e com proibições, operadoras de turismo continuam levando pessoas para escalar essa bomba-relógio. Existem restrições severas, os guias não podem conduzir turistas até o cume, mas esse tipo de passeio ainda é oferecido de forma ilegal.

Outra peculiaridade sobre o Merapi é o turismo pós-desastre que se desenvolveu desde a grande erupção de 2010. Guias levam turistas de jipe para conhecer as regiões devastadas. Isso também ocorre no vulcão Sinabung. Para você ter uma ideia, alguns pacotes incluem relatos de sobreviventes e fotos de corpos carbonizados, o que, pessoalmente, considero extremamente bizarro. E, por se tratarem de dois vulcões altamente imprevisíveis,  o turismo  realizado nas áreas devastadas é perigoso. Essas montanhas podem se reativar subitamente. Fluxos piroclásticos podem atingir esses locais com facilidade e até mesmo sepultar áreas consideradas seguras com extrema rapidez. 

Monte Sinabung:

  • 2016: cerca de 16 pessoas morreram durante uma erupção inesperada por causa do fluxo piroclástico.

  • 2020: um grupo de turistas foi hospitalizado por inalar fumaça expelida pelo vulcão.

  • 2017: mesmo com a proibição absoluta de escalada, um turista alemão desobedeceu as regras, subiu a montanha e morreu.

Se você ainda tem dúvidas sobre o quanto essas montanhas podem ser perigosas em qualquer cenário, recomendo o documentário Into the Inferno, do diretor Werner Herzog. Ele filmou uma erupção inesperada no Sinabung e, ainda naquela semana, um canal de tevê indonésio exibiu uma reportagem mostrando que um novo fluxo piroclástico havia atingido exatamente a região onde a equipe havia posicionado a câmera para captar imagens. Isso prova que áreas consideradas “seguras” hoje podem ser fatais amanhã. Por causa disso,  a zona de perigo do Sinabung vem se expandindo desde 2021. É preciso deixar claro que os guias que levam pessoas de carro para essas zonas perigosas não podem oferecer nenhuma garantia de segurança. Um cataclisma vulcânico de grandes proporções pode ocorrer a qualquer momento. 



Marapi



                                 

Essa montanha fica localizada na Ilha de Sumatra. É considerado um dos vulcões mais ativos da Indonésia. Tem 2.891 metros de altura e, desde 1800, já entrou em erupção mais de 50 vezes. O Marapi é um vulcão conhecido pelas suas explosões violentas e pela emissão de fluxo piroclástico. Diferente de outros vulcões, ele pode explodir sem aumento significativo de atividade sísmica, pegando turistas de surpresa. Em 2023, um grupo de 75 alpinistas foram surpreendidos por uma erupção inesperada e não conseguiram fugir por causa do terreno arenoso e cheio de pedregulhos. Vinte e três pessoas moreram. Mas não foi um episódio isolado. Em 2018, outros dois turistas morreram por causa de queimaduras provocadas por gases tóxicos. Após o evento ocorrido em 2023, as autoridades locais proibem que turistas sejam levados ao cume, mas isso é desrespeitado.


Dukono


                              


É um dos vulcões mais ativos da Indonésia. Localizado na Ilha de Halmahera, ele está em constante erupção desde 1933. Ele é uma montanha explosiva, e possui uma emissão contínua de cinzas e gases tóxicos. Apesar da falta de mortes registradas em larga escala, ele representa perigo real para escaladores e moradores da região, especialmente por exposição prolongada a gases vulcânicos. A trilha que leva ao vulcão é de aproximadamente seis horas e os turistas passam por regiões com bastante liberação de SO₂. Tanto que é recomendado que máscaras sejam usadas no percurso. Mesmo com tantos riscos, operadoras de turismo seguem oferecendo esse passeio. Ano passado, um vídeo rodou o mundo e mostra uma série de alpinistas, próximos da cratera, tentando fugir de uma coluna de fumaça gigantesca. Eles correram um risco muito elevado não só por causa da toxicidade das cinzas, mas também poderiam ter sofrido uma queda fatal ao correr em um terreno tão arenoso e cheio de pedras soltas. Existe uma determinação de que os turistas não podem chegar perto da cratera e devem manter uma distância de três quilômetros.  Os turistas que apareceram no vídeo e desrespeitaram as regras foram banidos e não poderão mais escalar o Dukono no futuro. Mesmo depois desse episódio, o turismo segue ocorrendo no topo da montanha. Em janeiro desse ano, um turista irresponsável filmou o momento em que a montanha entrava em erupção. 

Semeru

                                    

Localizado na Ilha de Java, o Semeru também é um destino para aventureiros na Indonésia. No entanto, ele é extremamente perigoso. Está em atividade contínua desde 1967, emitindo fluxos piroclásticos e avalanches de lama e pedras. Com uma altitude de 3.676 m, devido à sua natureza violenta, os turistas são orientados a escalá-lo apenas até o posto Kalimati, localizado a 2.800 metros de altitude. Ainda assim, há quem ignore as restrições. Em 2016, um turista morreu ao alcançar a região de Arcopodo, situada a 2.900 metros de altitude, após ser atingido por rochas. No mesmo ano, um turista suíço subiu a montanha de forma ilegal e acabou desaparecendo. Até hoje, seu corpo não foi encontrado. Em 2021, o Semeru registrou sua última grande explosão, que vitimou cerca de 69 pessoas nas proximidades da montanha. As fatalidades foram causadas por intensas avalanches e pelo fluxo piroclástico. Dito isso, ninguém deveria escalar o Semeru. A sensação de segurança que a popularidade da montanha transmite é enganosa, assim como ocorre com outras montanhas muito procuradas do país.


Bromo






O Bromo, outro vulcão da Ilha de Java, é muito procurado por se tratar de uma montanha belíssima. O gigante de 2.329 metros pode até parecer tranquilo nas fotos do Instagram, mas é bastante imprevisível.
Para chegar ao topo do Bromo é bem fácil, pois foi construída uma escadaria que leva os visitantes até a borda da cratera. E, mesmo que o local tenha guarda-corpos em alguns trechos, a trilha ao redor da caldeira é estreita e perigosa. O terreno, composto por areia vulcânica, é extremamente escorregadio, o que já provocou diversos acidentes. Em 1994, um turista norte-americano morreu ao cair dentro da cratera. Em 2004, uma erupção matou duas pessoas que estavam próximas demais da borda. Por isso, não se iluda com os vídeos de influenciadores que circulam pela internet. O acesso à montanha pode até parecer fácil, mas a cratera do Bromo emite gases tóxicos como o dióxido de enxofre (SO₂), que podem causar intoxicação, tontura ou até sufocamento se inalados em grandes quantidades.  Além disso, muitas pessoas costumam subir a montanha ao mesmo tempo. Agora imagine um cenário em que uma grande erupção inesperada ocorra e várias pessoas tentem fugir, ao mesmo tempo, pela mesma escadaria. É a receita de um desastre. E vale lembrar que, mesmo com toda a sinalização, muitos visitantes ignoram os alertas e ultrapassam as zonas de segurança, colocando suas vidas em risco em nome de uma foto ou de um vídeo para o TikTok. Principalmente em áreas da caldeira que não possuem nenhum tipo de proteção. 


Agung


                          


Todos os vídeos que eu já assisti da trilha do cume do vulcão Agungvulcão da Ilha de Bali, são uma insanidade. É uma montanha onde qualquer erro mínimo pode ser fatal. E mesmo sendo um lugar extremamente escorregadio, ele continua sendo explorado para o turismo de aventura.  Durante a caminhada de mais de 13 horas, os turistas andam em um terreno bem acidentado. No cume do vulcão, o caminho fica ainda mais íngreme e arenoso. Como se só isso não fosse um problema suficiente, a montanha, que tem 3.142 mentros de altura, possui um histórico de destruição. Entre 1963–1964, o vulcão acordou de maneira catastrófica. Mais de 2000 pessoas morreram por causa de avalanches e do fluxo piroclástico. Vilarejos inteiros foram varridos do mapa. Mas a montanha também vitimou turistas. Em 2024, uma turista holandesa subiu o vulcão sozinha e caiu em um penhasco. Ela chegou a ser socorrida, mas faleceu graças aos ferimentos graves. Um outro óbito foi registrado na montanha no mesmo ano envolvendo um turista indonésio. Ele também subiu a montanha sem um guia. Em 2022, um turista estadunidense caiu da trilha e morreu. Ele havia contratado um guia. No mesmo ano, dois turistas britânicos ficaram presos na montanha por 40 horas e precisaram ser resgatados. Em 2025, um visitante sul-coreano caiu de uma altitude de aproximadamente 100 metros e faleceu. Em 2008, foram registradas 4 mortes de alpinistas.

Monte Ijen


                            


O Monte Ijen (Kawah Ijen) é um complexo vulcânico no leste de Java e é muito famoso por causa de seu lago ácido extremamente corrosivo e pelo fenômeno das chamas azuis. Apesar da paisagem idílica, muito procurada por ser “instagramável”, visitar o local envolve riscos sérios à saúde. O lago  tem um pH de cerca de 0,3, o que é comparável ao ácido de bateria, mesmo quando diluído. Ou seja, a água pode queimar a pele instantaneamente. As chamas azuis, muito populares entre os visitantes, surgem pela combustão de gases sulfurosos em temperaturas que chegam a 600 °C, liberando substâncias tóxicas como dióxido de enxofre (SO₂) e sulfeto de hidrogênio (H₂S), que causam irritação severa nos olhos, garganta e pulmões, podendo levar à desorientação ou desmaios.

Além da questão química, a trilha até a cratera exige descer uma encosta íngreme de pedras soltas, em um terreno extremamente escorregadio. E a cereja do bolo desse caos todo é que muitos visitantes passam mal durante esse trajeto, apresentando dificuldades para respirar, tontura, ânsia de vômito e algumas pessoas chegam até a desmaiar.  E por que isso ocorre?  O principal motivo é que muitos turistas sobem o vulcão sem máscaras apropriadas por falta de orientação. Em 2015, um turista suíço morreu após uma crise respiratória, provavelmente desencadeada pelos gases tóxicos do local. Vale lembrar ainda que, ao longo dos anos, mais de 70 mineiros faleceram devido à toxicidade do local.  Além desse problema, em abril de 2024, uma turista chinesa desobedeceu o seu guia e se aproximou demais da cratera para tirar uma selfie. Ela tropeçou na própria roupa e despencou de uma altura de aproximadamente 75 metros. 

O caso de Juliana Marins me deixou profundamente abalada. Por isso, decidi escrever este texto. Não apenas como uma forma de desabafo, mas também como uma tentativa de informar e alertar outras pessoas que sonham em visitar os vulcões da Indonésia. A verdade é que esses passeios, apesar de serem fascinantes, escondem riscos que não podem ser subestimados. A maioria dessas províncias que exploram essas montanhas têm recursos bem limitados. Falta estrutura, equipes treinadas, resgate rápido. Entendo que esse tipo de turismo seja uma fonte de renda para muitas famílias locais, mas o lucro não deve ser mais importante do que a vida de uma pessoa. Se não existem condições para assegurar a segurança de um turista, esse tipo de passeio não deveria ocorrer. Ainda mais quando existem vários relatos de que até crianças trabalham como guias. É inacreditável e ilegal. Como menores de idade podem garantir a seguranca de adultos? Esses meninos também estão colocando suas vidas em risco. 

No caso de Juliana, a jovem caiu em um desfiladeiro por volta das quatro horas da manhã. O guia só a encontrou duas horas depois, um tempo precioso que poderia ter feito a diferença para a sua sobrevivência. Pensando nisso, é extremamente problemático perceber que o turismo segue ocorrendo em uma região onde quedas são tão comuns e é quase impossível garantir um resgate rápido, pois a brigada do parque está a uma distância de oito horas de caminhada.  O que acontece se alguém precisar de um resgate imediato? Provavelmente, o desfecho será semelhante ao que ocorreu com Juliana. Ela foi deixada para morrer. E honestamente, os acidentes no parque ocorrem com tanta frequência que parecem ser naturalizados. As pessoas caem da trilha e os guias seguem levando turistas pelo mesmo caminho. Enquanto Juliana estava naquele desfiladeiro, as atividades seguiram acontecendo no Rinjani. É uma irresponsabilidade que se perpetua diariamente. 

Lamento profundamente o que aconteceu com a Juliana e com tantas outras vítimas. É fundamental que esse caso continue ganhando visibilidade internacional, porque as mortes desses turistas precisam servir como um alerta sobre os perigos reais do turismo vulcânico na Indonésia. Não é aceitável que tantos visitantes tenham perdido a vida e, mesmo assim, nada tenha sido feito para reforçar a segurança. A negligência é evidente: continuam levando pessoas para áreas instáveis, como se esses óbitos não significassem nada. Onde existe um risco real e constante de morte, não pode haver exploração turística sob o pretexto de aventura.

E para todos aqueles que tentaram culpar Juliana, gostaria de dizer que ela não foi "imprudente". Marins foi vítima de um sistema que prioriza o lucro sobre vidas humanas. Enquanto vulcões ativos forem tratados com pouco rigor, tragédias como essa continuarão acontecendo. Os guias sabem dos riscos e, mesmo assim arriscam a vida de muitas pessoas. É basicamente um caso de homicídio doloso, quando você assume o risco de matar alguém. E o que mais me deixa revoltada é o fato de que, segundo a necropsia brasileira, Juliana provavelmente faleceu no dia 22. Ou seja, ela ficou viva naquela montanha por 32 horas. E se você tem ganância suficiente para vender um pacote de turismo para uma pessoa, mesmo sabendo que ela poderia cair em um desfiladeiro ou a montanha onde ela está pode explodir, você também tem que ter a dignidade de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para resgatá-la. Não importa se tenha névoa, se estiver chovendo ou qual for a condição climática. Uma menina  estava naquele precipício, sozinha, machucada, deslizando cada vez mais para a morte. E não houve nenhum tipo de esforço concreto. Inclusive, a Indonésia mentiu em vários momentos, afirmando que a Juliana tinha recebido comida e até mesmo já havia sido resgatada. E era tudo mentira. Se eles não tivessem feito isso, talvez os voluntários liderados pelo alpinista Agan pudessem tê-la encontrado com vida. Nessa semana, enquanto escrevia esse texto, o corpo de bombeiros do RS resgatou uma menina no cânion de Cambará do Sul, o qual é conhecido por ser um paredão de rocha, onde a visibilidade é bem baixa. Os militares fizeram de tudo para conseguir chegar na vítima. Então, a Indonésia não tem como se justificar no caso da Juliana. Foi omissão e eles não podem mais continuar levando turistas para esse tipo de lugar. 

E para finalizar, queria dizer que esse problema de exploração de montanhas perigosas não ocorre só na Indonésia. A Guatemala já proibiu visitas ao Monte Fuego, um dos vulcões mais perigosos do mundo, mas os guias seguem levando pessoas para um vulcão instável, que possui um fluxo piroclástico mortal. O Equador segue fazendo trekking no Cotopaxi. A Costa Rica segue levando gente até o explosivo Arenal. O Chile continua explorando o Villarica. A Itália segue permitindo que pessoas visitem o Etna. O vulcão Nyiragongo é violentíssimo, mas segue sendo explorado no Congo. Por mais que exista monitoramento e uma possível resposta de resgate, o risco sempre vai existir. É uma roleta-russa. E acho que um dos casos que melhor ilustra isso ocorreu na Nova Zelândia. O Whakaari é uma montanhas mais ativas do planeta. Ele é um vulcão submarino que foi crescendo e a sua caldeira formou uma espécie de ilha. Mesmo com sua atividade imprevisível, algumas pessoas começaram a vender pacotes para essa ilhota no meio do oceano. E sim, muitos turistas foram convencidos de que era seguro, de que se tratava de uma pequena ilha. Só que, chegando lá, os guias de turismo colocavam as pessoas literalmente na caldeira do vulcão. Em caso de uma erupção, os turistas não teriam como fugir. E foi isso que ocorreu. Em 9 de dezembro de 2019, haviam 47 pessoas dentro da cratera do Whakaari e ocorreu uma erupção violenta, a qual liberou uma nuvem de fluxo piroclástico ardente que vitimou 22 pessoas instantaneamente. Vinte e cinco pessoas conseguiram milagrosamente escapar, e muitas delas tiveram que fazer centenas de cirurgias por causa dos ferimentos. A maioria dos sobreviventes sofreu queimaduras graves, muitas em mais de 30% a 80% do corpo. Alguns sobreviventes relataram não ter sido alertados sobre os riscos reais da atividade nem receberam equipamentos de proteção. Algumas pessoas usavam roupas sintéticas e isso foi um agravante para as queimaduras. A tragédia resultou em processos contra 13 entidades, incluindo operadoras turísticas e órgãos governamentais. Várias empresas foram consideradas culpadas e condenadas a pagar milhões em multas e indenizações. A Whakaari Management Ltd, dona da ilha, teve sua condenação anulada em 2025 por não controlar diretamente as atividades turísticas. O caso levou à revisão das normas de turismo de aventura na Nova Zelândia, reforçando a obrigação de informar claramente os riscos aos visitantes. Infelizmente, esse tipo de crime irá continuar acontecendo em várias partes do mundo pela total negligência dos países e falta de fiscalização. Um vulcão que tenha um histórico de erupções repentinas, emissão de gases tóxicos e falta de estrutura de resgate, não deveria ser explorado para fins de turismo. E a lista de montanhas que atendem esses requisitos é bem longa.


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